Você tem clareza dos seus objetivos na psicoterapia?

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Estabelecer objetivos é fundamental na psicoterapia. Segundo Quinta (2018), há algumas opções ao se engajar nessa tarefa, seja envolvendo mudanças na vida do cliente (ex.: passar numa prova), seja com mudanças comportamentais (ex.: estudar mais), ou até mesmo no desenvolvimento de novos repertórios (ex.: construir estratégias para o manejo da ansiedade).

É comum que as pessoas busquem terapia com os seguintes “objetivos” (ou outras falas semelhantes):
“Quero me sentir bem”,
“Quero deixar de ser ansioso(a)”,
“Busco autoconhecimento”,
“Preciso ficar melhor”…

Ou até mesmo de formas “específicas”:
“Quero saber se mantenho ou não o meu casamento”,
“Quero muito estar em um relacionamento”,
“Preciso ser promovida/o no trabalho”.

Nota-se que essas falas não são tão claras assim. E, logo nas primeiras sessões – mas também ao longo de todo o processo – nós (terapeutas) vamos auxiliar na compreensão e no estabelecimento de objetivos terapêuticos atingíveis e mensuráveis. É um trabalho em conjunto e vai direcionar o curso do tratamento.

Quer exemplos?

Supondo que você busque terapia “para conseguir a promoção no seu trabalho”, possivelmente precisaremos investigar alguns aspectos, como: o que a empresa espera de comportamentos, habilidades e conhecimentos para o novo cargo? Será que você precisa se comunicar melhor com os clientes? Ou com os colegas? Será que não é a comunicação, mas outro fator que precisa de atenção no seu desenvolvimento como profissional? Quais dos requisitos para o cargo você já possui?

Esses são apenas alguns exemplos… Conseguir ou não a promoção não poderia ser alvo da terapia em si. Mas o quê e como fazer para aumentar as chances de você se desenvolver nos requisitos do novo cargo e, com isso, te aproximar da promoção, sim. Lembrete: sempre há outras variáveis em jogo; ou seja, o contexto (como questões políticas ou de favoritismo) poderia ser muito desfavorável para a promoção desejada, apesar de você alcançar os repertórios exigidos.

Mas, e se você dissesse “Não quero mais ser ansiosa/o”?

Bom, então talvez precisaremos entender a (sua) ansiedade: quando ela ocorre, desde quando, como ela te afeta, como ela impacta no que importa para você… Talvez a gente fale do quanto ela pode ser importante e inevitável, demandando aceitação. E podemos também discriminar as situações que precisam realmente de intervenção – e então entenderemos qual será o nosso foco para que você possa desenvolver estratégias de tolerância, manejo e enfrentamento.

Sabe-se, portanto, que muitas vezes é difícil para nossos clientes descreverem seus desconfortos, suas dores, seus sofrimentos. Outras vezes a correspondência do relato verbal com o que de fato estão sentindo pode ser indiscriminada. Então, a nossa atuação os ajudará a compreender o que está acontecendo na sua interação com o mundo e a identificar aspectos da história de vida que podem auxiliar no entendimento de determinados comportamentos.

A ideia central é a cooperação durante todo o processo terapêutico para que se alcance clareza nos objetivos. Trata-se de um auxílio mútuo (entre psicoterapeuta e cliente) para delimitar alvos de intervenção. Ou seja, quais são os comportamentos que desejamos aumentar ou diminuir de frequência, operacionalizá-los, torná-los mensuráveis e atingíveis, definir prioridades e, consequentemente, possibilitar a avaliação das melhoras pretendidas.

Referência:

QUINTA, N. C. C.  Reflexões sobre o estabelecimento de objetivos terapêuticos na clínica analítico-comportamental. In: Ana Karina C. R. de-Farias; Flávia Nunes Fonseca; Lorena Bezerra Nery. (Org.). Teoria e formulação de caso em Análise Comportamental Clínica. 1ed.Porto Alegre: Artes Médicas, 2018, v. 1, p. 49-63.

Escrito por:

Jéssica Barbosa

Coordenadora da Clínica-Escola, Psicóloga clínica e Professora no IBAC. Mestra em Ciências do Comportamento (Universidade de Brasília)

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