Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) e Modelo ACL: Uma Abordagem Promissora para Pais e Cuidadores de Crianças Autistas

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A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) tem se destacado como uma abordagem inovadora e eficaz no tratamento de diversas condições psicológicas, especialmente no que diz respeito ao manejo de desafios interpessoais, emocionais e comportamentais. Neste post, vamos explorar como a FAP pode ser utilizada como uma intervenção inovadora para pais e cuidadores de crianças autistas, promovendo melhorias na regulação emocional dos filhos. Embora a aplicação da FAP nesse contexto específico ainda esteja em desenvolvimento, nosso estudo atual busca explorar essa possibilidade.

O Que é a Psicoterapia Analítica Funcional (FAP)?

Desenvolvida por Kohlenberg e Tsai (2001), a FAP é uma abordagem psicológica que se concentra na relação terapêutica como um meio para promover mudanças comportamentais significativas. A FAP identifica comportamentos clinicamente relevantes (CCRs) no contexto da relação terapêutica, permitindo que o terapeuta trabalhe diretamente com as dificuldades emocionais e reforce comportamentos mais adaptativos. A ideia é que, ao melhorar a interação entre terapeuta e cliente, é possível promover mudanças que se traduzam em comportamentos mais eficazes fora da sessão.

O Modelo ACL e Seu Papel na FAP

O Modelo ACL (Awareness, Courage, and Love) é um componente essencial na aplicação da FAP, enfatizando a importância de estar consciente das próprias emoções e comportamentos, ter coragem para enfrentar desafios e manter um amor genuíno e empático na relação terapêutica (Holman et al., 2022). Esse modelo é particularmente relevante na aplicação da FAP para pais e cuidadores de crianças autistas, pois pode ajudar a criar um ambiente mais acolhedor e eficaz para o desenvolvimento emocional das crianças.

Regulação Emocional no Autismo: O Papel dos Pais e Cuidadores

A regulação emocional é uma área crítica para crianças autistas, e dificuldades nesse aspecto podem impactar suas interações sociais e bem-estar geral. Estudos como os de Mazefsky et al. (2018) sugerem que intervenções focadas na regulação emocional podem ser benéficas. Os pais e cuidadores desempenham um papel crucial nesse processo, pois suas interações diárias e estratégias de apoio podem influenciar significativamente o desenvolvimento emocional de seus filhos.

A aplicação da FAP nesse contexto visa fornecer aos pais e cuidadores ferramentas práticas para melhorar a dinâmica familiar e auxiliar na regulação emocional das crianças. Ao utilizar os princípios da FAP, espera-se que os pais possam promover um ambiente mais estruturado e acolhedor, facilitando a gestão das emoções das crianças autistas.

Um Exemplo Prático: A Proposta de Nosso Estudo

Atualmente, um novo estudo está sendo proposto, apoiado pelo Instituto Brasiliense de Análise do Comportamento (IBAC), que busca investigar como a FAP pode ser utilizada para capacitar pais e cuidadores de crianças autistas. O projeto envolverá pais e cuidadores de crianças com idades entre seis e doze anos, diagnosticadas formalmente com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os participantes participarão de um programa de 10 sessões de intervenção, no qual serão introduzidos aos princípios da FAP e orientados sobre como aplicá-los no dia a dia para melhorar a regulação emocional de seus filhos.

As sessões serão conduzidas online, utilizando a plataforma Zoom, o que proporcionará maior acessibilidade e flexibilidade para os participantes. O objetivo é criar uma base para futuras pesquisas sobre a eficácia da FAP nesse novo contexto e contribuir para o desenvolvimento de intervenções eficazes, porém mais validantes e empáticas, para famílias de crianças autistas.

Considerações Finais

A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) apresenta um potencial promissor para ajudar pais e cuidadores de crianças autistas a melhorar a regulação emocional e a qualidade de vida familiar. Embora a aplicação da FAP nesse contexto ainda esteja em fase de exploração, o projeto que estamos desenvolvendo visa exatamente essa aplicação inovadora e busca fornecer evidências para futuras intervenções baseadas na FAP.

Referências

Holman, G. et al. (2022). Psicoterapia Analítica Funcional descomplicada: guia prático para relações terapêuticas. Novo Hamburgo: Sinopsys Editora.

Keluskar, J., Reicher, D., Gorecki, A., Mazefsky, C., & Crowell, J. A. (2021). Understanding, assessing, and intervening with emotion dysregulation in autism spectrum disorder. Child and Adolescent Psychiatric Clinics of North America, 30(2), 335–348. https://doi.org/10.1016/j.chc.2020.10.013

Kohlenberg, R. K., & Tsai, M. (2001). Psicoterapia Analítica Funcional: criando relações terapêuticas intensas e curativas. Santo André: ESETec.

Mazefsky, C. A., et al. (2018). The Emotion Dysregulation Inventory: Psychometric properties and clinical utility in youth with autism spectrum disorder. Journal of Clinical Child & Adolescent Psychology, 47(1), 14–25. https://doi.org/10.1080/15374416.2016.1233508

Como citar este artigo (APA):

Xavier, R. N. (2024, 18 de agosto). Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) e Modelo ACL: Uma Abordagem Promissora para Pais e Cuidadores de Crianças Autistas. Blog do IBAC. https://ibac.com.br/psicoterapia-analitica-funcional-fap-e-modelo-acl-uma-abordagem-promissora-para-pais-e-cuidadores-de-criancas-autistas

Escrito por:

Rodrigo Xavier

Psicólogo (UFMS) e psicoterapeuta, Doutor em Psicologia Clinica (USP) com estágio sanduíche na University of Washington sob os cuidados dos Ph.D. Robert Kohlenberg, Mavis Tsai e Johnatan Kanter. Treinador certificado de FAP desde 2021. Líder de encontros do Projeto Global Viva com Consciência, Coragem e Amor desde 2018. Professor nos cursos de Formação em FAP e Terapia Analítico-Comportamental Infantil do IBAC.

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