Onde estão as evidências?

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Onde será que estão as evidências que irão apontar o caminho para minha prática clínica? É verdade que faltam pesquisas em psicoterapia. Planejo desenvolver a questão da produção de pesquisas aplicadas à clínica, especialmente no cenário brasileiro, em um artigo futuro. Porém, também não podemos dizer que nós, (futuras/os) profissionais da psicologia estamos apenas à mercê do senso comum, preferências teórico-conceituais ou experiência clínica. 

Artigos são publicados internacionalmente todos os dias que trazem informações importantes para complementar a tomada de decisão clínica, além da expertise profissional e preferências de clientes (para uma pequena introdução a esse processo, acesse o artigo Já ouviu falar em Prática Baseada em Evidências?).

Hoje trago apenas algumas dicas sobre onde começar a olhar:

1. Não pesquise no Google. Para fugir de blogs (a priori nada de errado com eles, mas não use para tomar uma decisão clínica importante), notícias e afins, no mínimo, mude para o Google Acadêmico.

fonte: unsplash.com

2. Preferivelmente, pesquise em bases conhecidas como PsycNet (artigos, livros etc da APA – American Psychological Association), PubMed (artigos da área biomédica) e Cochrane Library (revisões sistemáticas da literatura). Algumas outras bases, como PsycInfo e Periódicos CAPES, precisam ser acessados via login institucional para o acesso completo, o que pode não ser o seu caso e da maioria das/os psicoterapeutas.

3. Se tiver dificuldade em obter material gratuito, os próprios autores tendem a disponibilizar seus artigos (já que não recebem nada pela venda); procure no researchgate.net, o facebook dos acadêmicos. O twitter também sempre foi muito frequentado por acadêmicos norteamericanos. Dica de ouro da tia Rê: Se tiver pressa, e o artigo não for super atual (ex. deste ano), peça ajuda à cientista russa Alexandra Elbakyan pelo sci-hub (use o DOI para liberar os arquivos, não use como ferramenta de busca). 

4. Para encontrar artigos latinoamericanos gratuitos e em português, scielo.br é a principal biblioteca. Porém, o “grosso” das publicações você encontrará apenas em periódicos norteamericanos e internacionais, e portanto estão em inglês. Feliz ou infelizmente, essa é uma realidade da ciência – o inglês se tornou seu idioma não oficial. Felizmente, os tradutores automáticos estão cada vez mais inteligentes e você pode recorrer ao Google Tradutor para traduzir arquivos em pdf.

5. Outra alternativa é ir direto aos periódicos conhecidos da área, mas isso já vai exigir pelo menos alguma experiência com a leitura de artigos. Por outro lado, você consegue contar em uma mão quantas revistas temos que publicam artigos em português especificamente sobre Análise do Comportamento: Acta Comportamentalia, ReBAC, RBTCC e Perspectivas. Segunda dica de ouro: À medida que descobre as revistas científicas de interesse, é possível agendar para receber em seu e-mail cada vez que surgir uma nova edição.

6. A Divisão 12 da APA tem uma página completamente dedicada a tratamentos psicoterapêuticos com alguma (baixa, média ou alta) evidência de eficácia: https://div12.org/psychological-treatments/. Essa página é útil para encontrar materiais sobre diferentes modelos de intervenção terapêutica. Mas observe, entre outras coisas, que a atualização não é tão frequente quanto gostaríamos e que as informações vêm principalmente de estudos norteamericanos e não necessariamente foram replicados na população brasileira ou latinoamericana.

fonte: https://apadiv12secix.com/

Onde você prefere fazer as suas buscas? Tem outras dicas que não coloquei aqui? 

Para aprender mais:

Azoubel, M. S. (2019). Como Planejar e Executar buscas na Literatura Científica?. Perspectivas Em Análise Do Comportamento10(2), 256–266. https://doi.org/10.18761/PAC.2019.v10.n2.05

Cochrane. Nossas evidências em saúde – como elas podem ajudar você. Acesso em 7/12/22: https://www.cochrane.org/pt/evidence

Cochrane Training. https://training.cochrane.org/

Escrito por:

Renata Cambraia

Editora do blog. Coordenadora de Pesquisas e Publicações no IBAC. Doutora em Psicologia pela Universidade do Minho, Portugal.

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