A Terapia de Ativação Comportamental, ou Behavioral Activation Therapy (BAT) em inglês, é um modelo de psicoterapia que está dentro dos princípios teóricos, filosóficos e experimentais da Análise do Comportamento e do Behaviorismo Radical. Foi pensada, inicialmente, como uma intervenção específica para o tratamento de pessoas com sintomas ou comportamentos denominados depressivos, característicos do Transtorno Depressivo Maior (DSM-5).
1. Em primeiro lugar, é importante incentivar a/o cliente ou paciente a agir em seu contexto, aumentando comportamentos que tenham alta probabilidade de produzirem consequências reforçadoras positivas (SR+). Essas consequências, por sua vez, tendem a eliciar emoções e sentimentos que descrevemos como prazerosos, gratificantes e realizadores; de maneira geral, produzindo uma melhora em seu humor de maneira geral.
2. Em segundo lugar, precisamos quebrar alguns padrões comportamentais mais danosos, que chamamos de esquiva passiva, pois são mantidos por reforçadores negativos (SR-). Por exemplo, passar o dia na cama, assistindo séries, recusando convites para atividades sociais. Esses comportamentos produzem alívio a curto prazo, pois evitam situações possivelmente aversivas, como levar uma bronca do chefe ou entrar em contato com a insatisfação de um(a) companheira.
Porém, veja que, ao evitar estressores, também se perde acesso a potenciais reforçadores positivos, como conhecer pessoas novas, se sentir saudável. Assim, a longo prazo, a redução do contato com os reforçadores positivos a longo prazo leva ao aumento de sentimentos de tristeza e anedonia.
A Terapia de Ativação Comportamental (BAT) também pode incluir outros componentes, como técnicas de resolução de problemas, especialmente se a formulação do caso indica que a pessoa tenha repertório para obter reforçadores positivos nesses contextos sociais, de trabalho, e, portanto, segue sem emitir respostas “ativas”. Assim, comportamentos de resolução de problemas podem reduzir os padrões depressivos.
Todos os manuais publicados de BAT apresentam o Planejamento e o Registro de Atividades como sua principal estratégia. Ao definir os objetivos da psicoterapia, terapeuta e paciente estipulam quais atividades teriam alta probabilidade de produzirem reforçadores positivos, ou seja, de melhorar o humor. A realização das atividades é combinada gradativamente, com as mais simples e prováveis de serem realizadas, aumentando o grau de dificuldade à medida que se observa a melhora. Assim, a/o paciente deve manter uma agenda para registrar as atividades realizadas, assim como seu humor após a realização das mesmas.
Um dos manuais disponíveis, proposto por Martell, Addis e Jacobson (2001), traz a estrutura básica das sessões de psicoterapia. Como tende a se repetir dentro do indicado acima, não há uma estrutura específica sessão por sessão. De acordo com os autores, isso deixaria o modelo mais adaptável à formulação de cada caso em particular. Além disso, diferentemente de outros modelos de terapia, não é proposto um número mínimo de sessões, já que irá variar caso a caso. Porém, pesquisas de eficácia da BAT têm utilizado protocolos variando entre 10 e 24 sessões – podendo servir como guia para a (re)avaliação dos resultados obtidos durante o processo terapêutico. Assim, a estrutura básica deste manual é flexível a pequenas mudanças na aplicação dos diferentes componentes da BAT, sem perder o foco na ativação do comportamento da/o paciente, no planejamento e registro das atividades, e na quebra dos padrões de esquiva passiva.
Você já conhecia a Terapia de Ativação Comportamental (BAT)? Conhece outros modelos terapêuticos ou manuais com demonstrada eficácia para o atendimento de pessoas com depressão? Quais outras dúvidas você tem com relação à BAT ou outras terapias baseadas em evidência? Comente abaixo!
Para saber mais:
Beck A, Rush A, Shaw B, Emery G. (1979/1997) Terapia cognitiva da depressão (S. Costa, Trad.). Porto Alegre: Artmed.
Jacobson NS, Dobson KS, Truax PA, Addis ME, Koerner K, Gollan JK, et al. (1996) A component analysis of cognitive-behavioral treatment for depression. J Consult Clin Psychol. 64(2), 295-304.
Lejuez CW, Hopko DR, Acierno R, Daughters SB, Pagoto SL. (2011) Ten year revision of the brief behavioral activation treatment for depression: revised treatment manual. Behavior modification, 35(2), 111-61.
Martell CR, Addis ME, Jacobson NS. Depression in context: Strategies for guided action: WW Norton & Co; 2001.
Escrito em colaboração com:
Curt Hemanny
Psicólogo clínico, Doutor em Processos Interativos dos Órgãos e Sistemas (UFBA) e Coordenador da Formação em Terapia de Ativação Comportamental do IBAC.