Atuar na psicologia clínica também é empreender

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Atuar na psicologia clínica também é empreender, pois oferecemos um serviço. Por este motivo, quando temos noções administrativas, financeiras, de marketing e até mesmo contábeis, além da psicologia em si, conseguimos gerir bem o nosso negócio.

O grande problema é que a maioria dos cursos de graduação (e até mesmo de pós-graduação) não ensinam nada sobre essas questões e o início da vida profissional se torna um enorme desafio para muita gente. Precisamos buscar informações com colegas que já atuam na área ou até mesmo com pessoas de outros âmbitos para conseguir ter uma ideia de como fazer – mas isso não é ruim… O contato e a troca de informações seriam importantes de qualquer maneira.

Mas vamos ao que interessa! Se destrincharmos a atuação clínica em tarefas menores, podemos destacar algumas:

  • Divulgar o serviço. Essa é uma atividade que gera certa polêmica em nossa área. Acredito particularmente que a divulgação seja importante, seja ela por meio de redes sociais, boca a boca, parcerias etc. O meio de divulgação que você tenha escolhido – obviamente precisamos seguir as diretrizes do nosso Código de Ética e também das resoluções do CFP – demandará diferentes ações, como elaboração de posts, no caso da utilização de redes sociais. Além do planejamento de marketing (incluindo público-alvo, objetivos etc.), também é preciso colocar a mão na massa na maioria das vezes (é claro que é possível contratar uma empresa ou profissionais especializados para isso, mas se você não tem interesse ou disponibilidade financeira, precisará se envolver mais ativamente mesmo).

  • Fazer o contato com potenciais clientes. Sim, uma divulgação bem planejada e executada vai atingir os objetivos de atrair possíveis clientes. Eles entrarão em contato e você precisa responder com profissionalismo, pois é a primeira experiência daquela pessoa com você. Isso mesmo, do seu jeitinho e com cuidados éticos acima de tudo, você pode acolher e demonstrar responsabilidade já no primeiro contato. Muitas vezes, logo nesse contato, o cliente pode ou não se identificar (a priori) com você e decidir iniciar a terapia.

  • Atender. Realizar o atendimento com qualidade, embasamento teórico e técnico, mas também acolhimento e responsabilidade faz parte da nossa rotina. Algumas coisas simples que podemos fazer para estar presente ali, na sessão, com cada cliente:
    • Ter anotações para não esquecer detalhes importantes que vêm sendo trabalhados,
    • Planejar as sessões,
    • Estar com algumas necessidades próprias atendidas (evitar atender com fome, vontade de ir ao banheiro, sede, calor ou frio excessivos etc.),
    • Fazer terapia (se necessário),
    • Cuidar do ambiente de atendimento, seja ele presencial ou online; não só da aparência, mas também tudo o que pode contribuir para o sigilo e acolhimento dos clientes.

  • Registro de sessão. Essa é uma atividade obrigatória em nossa atuação. Precisamos ter os registros de todas as pessoas que passam por nós na clínica, então em nossa rotina deve haver espaço para realizar essas anotações. Lembrando: devemos manter o arquivo físico ou digital por no mínimo 5 anos.

  • Estudo de caso. Cada cliente atendido demanda um tempo de estudo que vai variar de acordo com o que for levantado em terapia, complexidade do caso, dificuldades do próprio terapeuta, objetivos a serem alcançados e intervenções terapêuticas. É algo constante e precisamos reservar um certo tempo semanalmente para isso.

  • Fazer supervisão. Não é algo obrigatório, mas é importante ter o contato de pessoas que você se identifica, profissionais com mais experiência que você, e que podem te supervisionar quando necessário. Ou seja, se você perceber dificuldades para realizar algumas intervenções, tiver dúvidas teóricas e até mesmo práticas e também se quiser uma segunda opinião acerca de um caso, vale (muito) a pena!

  • Agenda. Se você ainda não tem uma estrutura com recepcionista para fazer essas atividades, precisará ter uma organização mínima para controlar os agendamentos, remarcações e desmarcações de sessão. Isso é feito de forma constante e sob demanda, pois a cada dia pode ser que precise fazer reajustes e encaixes de horários. Aqui precisamos ter clareza da quantidade de clientes que estamos dispostos a atender, levando em consideração o número de horas que pretendemos/podemos trabalhar por semana, quantidade de clientes que desejamos atender – e isso inclui estudos, registros de sessão e questões burocráticas além do próprio atendimento, não se esqueça!

  • Burocracia. É… Precisamos estabelecer as condições em que realizaremos o nosso trabalho. Falar do contrato terapêutico, por exemplo, e de como funciona o processo é parte do nosso dia a dia e não pode ser algo a ficar “de lado”. Da mesma maneira, relembrar alguns pontos ao longo do processo pode ser necessário, como regras para faltas e desmarcações, prazos para pagamento, dentre outros. Falando em cobrança, esse é um ponto que gera muito desconforto para terapeutas. Vou trazer mais sobre a questão financeira no próximo post.

Muita coisa? Sim, é bastante coisa. Mas com organização e planejamento é 100% possível. Vale a pena? Na minha experiência (até agora, rs), sim! E espero que o presente post possa ajudar você a identificar comportamentos que já emite e os que ainda precisam entrar na rotina para que possa atuar na clínica e fazer disso o seu negócio.

Vamos conversar sobre isso? Me conta aqui se o post te ajudou, se há outras dúvidas ou assuntos relacionados ao tema e vamos nos ajudar!

Escrito por:

Jéssica Barbosa

Coordenadora da Clínica-Escola, Psicóloga clínica e Professora no IBAC. Mestra em Ciências do Comportamento (Universidade de Brasília)

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