Assertividade: um guia rápido

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Neste brevíssimo guia, pretendo transmitir para você algumas informações que aprendi lendo principalmente o livro “Comportamento Assertivo: um guia de auto expressão” dos autores Robert Alberti & Michael Emmons (1978). Nesse livro, os autores explicam detalhadamente condições fundamentais para o desenvolvimento do comportamento assertivo no seu repertório pessoal. Para aprofundamento no assunto, recomendo a leitura.

Primeiro: o que é assertividade e por que aprendê-la? 

Apesar da semelhança sonora, assertividade não significa acertar. Assertividade vem da palavra asserção, que é o mesmo que afirmação. Comportar-se assertivamente significa agir de uma maneira afirmativa sobre si mesmo, falar de uma maneira afirmativa sobre si mesmo, afirmar suas necessidades e seus sentimentos, afirmar seus direitos, afirmar seus limites, afirmar seu espaço etc. Nesta explicação da palavra já é possível perceber o valor de desenvolver um comportamento assertivo. A maneira que as pessoas se expressam tem o poder de afetar o tipo de relação que elas estabelecem com o mundo e com as outras pessoas; somos capazes de produzir relações mais saudáveis ou mais adoecedoras dependendo de como agimos e nos expressamos. 

“Ao sugerirmos asserção para as pessoas, enfatizamos o fato de que ninguém tem o direito de aproveitar de outro simplesmente por uma questão de se tratar de seres humanos. Por exemplo, um empregador não pode desrespeitar os direitos de cortesia e respeito que o empregado merece como ser humano.”

(Alberti & Emmons, 1978, p. 18). 

Os autores Alberti & Emmons (1978) postulam que a autoestima dos indivíduos, ou seja, o conceito que o indivíduo tem de si mesmo, está diretamente relacionada com a maneira que as pessoas expressam suas emoções, desejos, opiniões e pensamentos. Neste mesmo livro, os autores classificam os padrões de comunicação humana em três tipos: agressivo, passivo e assertivo. 

Esta classificação considera o impacto do comportamento no emissor e no receptor da mensagem. Explicado de maneira breve, o indivíduo que se expressa através do comportamento agressivo costuma atingir seus objetivos ferindo e depreciando o valor de outras pessoas, isso gera sentimento de culpa no agressor e sentimentos de raiva e menosprezo nas pessoas alvo das agressões; o indivíduo que se expressa através do comportamento passivo costuma negar a si próprio e não atinge seus objetivos desejados, permitindo que outras pessoas se aproveitem dele, causando sentimentos de autodesvalorização em si mesmo e culpa ou raiva em outras pessoas. Para além desses dois casos, o indivíduo que se engaja em comportamentos assertivos busca expressar-se adequadamente, respeitando seus próprios direitos e os direitos de outras pessoas, fazendo escolhas por si mesmo, gera sentimentos de autovalorização e valorização do outro que também se sente convidado a expressar-se, abrindo a possibilidade de ambos, emissor e receptor, atingirem seus objetivos desejados. 

“Outra faceta que motiva muitos a se tornarem assertivos é a maneira como certos problemas somáticos se reduzem à medida que a asserção progride. Queixas como dores de cabeça, asma, problemas gástricos, fadiga geral frequentemente desaparecem.”

(Alberti & Emmons, 1978, p. 18). 

Segundo: como desenvolver repertórios de assertividade?

Ações como olhar nos olhos e posicionar-se na direção da pessoa com quem você está falando, assim como escolher o momento apropriado para a comunicação, compõem a expressão assertiva. A expressão facial e o tom de voz condizentes com a mensagem a ser transmitida são componentes importantes. Falar a partir do EU, ou seja, do seu próprio referencial pessoal, favorece que sua expressão seja afirmativa sobre si mesmo (“Eu quero…” “Eu sinto…”, por exemplo). Entendo que para manifestar comportamentos auto afirmativos é necessário que o indivíduo desenvolva repertórios de autoconhecimento e auto descrição. É difícil ser assertivo quando não percebemos ou não sabemos descrever o que precisamos, queremos, rejeitamos e o que é importante para si mesmo. A psicoterapia favorece o desenvolvimento dessas habilidades.  

Os repertórios de assertividade podem ser desenvolvidos basicamente por orientação, exemplos, auto regulação verbal e principalmente por meio de treino em ambiente favorável. O objetivo da orientação, dos exemplos e da auto regulação é favorecer que você tenha a experiência real de falar afirmativamente sobre seus sentimentos, necessidades e opiniões; pois apenas a experiência real poderá produzir mudança comportamental, mudança emocional e mudança nas suas relações com o mundo. É necessário que suas tentativas de falar afirmativamente sobre si mesmo sejam reforçadas pelas pessoas que receberem essas mensagens. Se você for punido por falar afirmativamente sobre seus sentimentos, certamente você vai continuar evitando expressá-los (Keller, 1973). A psicoterapia é um ambiente bastante favorável para desenvolver repertórios de comportamento assertivo devido ao compromisso ético do profissional de psicologia (Conselho Federal de Psicologia, 2005); entretanto, outros ambientes também podem favorecer o desenvolvimento da sua assertividade. Escolha inicialmente ambientes e pessoas confiáveis, já conhecidas, ambientes que transmitem alguma segurança para você. Gradualmente você pode escolher ambientes mais desafiadores. A tendência é que seu comportamento mais fortalecido conseguirá ser mais efetivo em outros ambientes. 

Referências 

Alberti, R. E., & Emmons, M. L. (1978). Comportamento assertivo: um guia de auto-expressão (2ª ed.) (J. M. Corrêa, Trad.). Belo Horizonte: Interlivros.

Conselho Federal de Psicologia (2005). Resolução CFP n° 010/2005. Código de Ética Profissional do Psicólogo, XIII Plenário. Brasília, DF.

Keller, F.S. (1973), Aprendizagem: Teoria Do Reforço; (Tradução De Rodolpho Azzi, Lea Zimmerman, Luiz Octávio De Seixas Queiroz). São Paulo, E.P.U. 

Escrito por:

Airton Campos

Psicólogo, Mestrando em Psicologia Clínica (USP), Especialista em Análise Comportamental Clínica (IBAC), com Formação em Psicoterapia Analítica Funcional – FAP (IBAC) e Formação em Terapia de Aceitação e Compromisso – ACT (IBAC).

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